segunda-feira, 1 de junho de 2009

Copa do Mundo - 2014 no Brasil

Fifa anuncia as 12 cidades-sedes da Copa do Mundo no Brasil

O mistério chegou ao fim. Após 19 meses da escolha do Brasil como palco da Copa do Mundo de 2014, a Fifa divulgou, neste domingo (31), em Nassau, nas Bahamas, o nome das 12 sedes do Mundial. Sem surpresas, foram confirmadas Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Natal (RN), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Paulo (SP).


O anúncio frustra as cidades de Belém (PA), Campo Grande (MS), Florianópolis (SC), Goiânia (GO) e Rio Branco (AC), que também postulavam um lugar na Copa, mas ficaram de fora. As capitais paraense e acriana levaram a pior contra Manaus na briga pela sede 'amazônica' do evento. Já Campo Grande, que não economizou nos investimentos durante a campanha, vê Cuiabá ser a representante do Pantanal. Por fim, Natal ficou com a última vaga, deixando Floripa e Goiânia para trás.

As cidades preteridas, porém, não ficarão longe da Copa. “Nesse processo de escolha não há vencedores ou vencidos. A cidade que não for indicada poderá participar da Copa do Mundo com as alternativas que a competição oferece, como centros de treinamentos para as seleções e outros eventos específicos", lembrou o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, antes da decisão da Fifa.

No momento, as escolhidas podem fazer festa. Shows de Ivete Sangalo, em Salvador, e Jota Quest, em Manaus, são só alguns dos festejos previstos para as sedes da Copa de 2014.

Cronograma curto

Mas não há muito tempo para comemorar. Junto à condição de sede vem um pacote de obrigações impostas pela Fifa, que controlará e cobrará o cumprimento da conclusão de obras e outros projetos nas cidades. "Os padrões e demandas da Copa do Mundo superam os de qualquer evento já realizado no Brasil", avisou a entidade máxima do futebol em outubro de 2007, logo após escolher o país como sede do Mundial.

Assim, passadas a euforia e a festa pela confirmação do anúncio, as cidades escolhidas terão um cronograma curto para se adequarem às exigências de uma Copa do Mundo. Todos os estádios que foram indicados, por exemplo, precisarão ser reformados ou ainda totalmente construídos. A expectativa é que as novas arenas estejam prontas até o fim de 2012, possibilitando a utilização na Copa das Confederações, em 2013.

Para algumas cidades, o anúncio deste domingo inicia uma corrida contra o tempo. Natal, Manaus, Recife e Salvador terão de construir novas arenas para o Mundial. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba e Fortaleza, reformarão, em diferentes graus, o estádio escolhido. Em Porto Alegre, indecisão: o Beira-Rio deve ser reformado, mas o Grêmio pretende construir uma nova arena para rivalizar.

PAC

E os estádios — além dos cada vez mais comuns problemas de segurança, transporte, etc. — são apenas parte do desafio a ser superado pelas cidades escolhidas. O grande objetivo de todas as cidades é atrair o dinheiro da iniciativa privada para viabilizar suas novas arenas e também a ampliação da rede hoteleira.

Mesmo com as promessas antes do anúncio, poucas sedes devem conseguir esses investimentos, restando aos governos estaduais a tarefa, em muitos casos, de bancar as praças esportivas. Por outro lado, o governo federal arcará com as obras de infraestrutura. Para isso, deve ser anunciado nos próximos dias um Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) exclusivamente para a Copa do Mundo de 2014.

Da redação, com agências





Orlando diz que Lula exigirá contrapartida de governadores

Para evitar os mesmos problemas ocorridos nos Jogos Pan-Americanos, o ministro do Esporte, Orlando Silva, diz que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está conversando com os dirigentes da Federação Internacional de Futebol (Fifa) para que os contratos entre o órgão, estados e municípios das 12 capitais escolhidas para sediar a Copa do Mundo de 2014 envolvam as responsabilidades assumidas com o governo federal. “Queremos evitar o empurra-empurra que aconteceu nos Jogos Pan-Americanos. A partir de junho já começamos a negociar uma matriz de responsabilidades no âmbito do setor público para definir desde já o que caberá a cada esfera de governo fazer”, disse o ministro em entrevista ao Jornal do Brasil publicada na edição desta segunda (27).


Confira a entrevista na íntegra, concedida no feriado de Tiradentes, em Una (Bahia) para a repórter Liliana Lavoratti:

Quando o planejamento vai começar a andar?

Como o futebol tem peso elevado aqui, existe muita ansiedade quanto à preparação das cidades candidatas a sediar os jogos. São 17 cidades disputando 12 vagas. A disputa é tão acirrada que a Fifa decidiu fazer os jogos em 12 cidades e não em 10, ideia inicial. Acordo de cooperação firmado ano passado entre o Ministério dos Esportes, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), cujo presidente, Ricardo Teixeira, também preside o Comitê Organizador, e a Associação Brasileira da Indústria de Base (Abib), permitiu mapear as demandas de investimentos em infraestrutura nas 18 cidades candidatas – agora são 17.

E qual a conclusão?

Esse material ficou pronto no final de março, coincidindo com a data em que a Fifa anunciaria as cidades-sede, o que foi adiado para o final de maio. Aguardamos a Fifa anunciar as escolhidas para entrarmos na fase dois: a pactuação entre os governos federal, dos estados e municípios onde os jogos vão acontecer. Será firmado um pacto para que sejam criadas as melhores condições possível para a realização da Copa.

Já existe uma data marcada para essas conversas?

O presidente Lula vai convidar a Brasília os prefeitos e os governadores das cidades-sede para, junto com o governo federal, definir uma matriz de responsabilidades – quem fará o quê, com recursos de tais fontes e ''x'' prazos. Essa fase, a etapa dois, será a chave, pois as tarefas do setor público no evento serão divididas entre os três níveis de governo. Isso é tão importante que propusemos à Fifa incluir esses compromissos no contrato que assinará com as cidades, onde estarão as exigências todas. O objetivo é evitar o empurra-empurra ocorrido nos Jogos Pan-americanos. Um ano antes do Pan a gente via que a prefeitura do Rio de Janeiro – isto não é nenhuma crítica, mas aconteceu – protelava decisões, o governo do estado protelava decisões de coisas que tinham de ser feitas e entregues em data marcada. Vivemos uma fase na qual o governo bancava ou naufragava.

Essa é a principal lição do Pan para a Copa?

É relevante fixar, com clareza e antecedência, as responsabilidades de cada um. Nossa meta é concluir o planejamento neste ano para que a União, estados e municípios reservem recursos orçamentários em 2010 e comecem a tocar as obras em janeiro próximo.

De tudo o que precisa ser feito, o que mais preocupa?

O presidente Lula tem uma preocupação particular com a mobilidade urbana. Ele protelou o anúncio de quatro obras dessa área por acreditar que essa é uma tarefa chave a ser enfrentada. Transporte, tráfego, acesso às capitais estão entre os problemas de infraestrutura bastante valorizados pelo Planalto. Mas, para a Fifa, a ênfase está no sistema aeroportuário e na malha aérea porque a Copa acontecerá em várias cidades. Ao contrário da Europa, as distâncias aqui são muito maiores. Além disso, o setor ainda convive com o risco de nova crise. Ao lado da expansão de metrôs e melhoria dos acessos rodoviários, da solução para os aeroportos e malha viária, existem os portos, que em certas capitais poderão resolver outro tema sensível – a rede hoteleira. Com boa infraestrutura portuária, será possível encostar transatlânticos para ampliar o número de leitos temporários e auxiliar na circulação dos torcedores e turistas dentro do país.

E as deficiências nos serviços?

Esse tema abrange outras questões relevantes: saúde, segurança, hotelaria/hospitalidade, saneamento. O levantamento da Abdib inclui essas dimensões e com base nele vamos dialogar com governadores e prefeitos. Tudo dentro da lógica de que o setor público vai focar os recursos na infraestrutura das cidades. As arenas, redes hoteleira e gastronômica terão de ser bancadas por investimentos privados. Dinheiro público também será aplicado na qualificação de serviços para alcançar o patamar adequado ao evento. Isso não impedirá, entretanto, que capitais privados participem de projetos de melhoria e expansão da saúde e segurança, mas a ideia é concentrar os recursos públicos naquilo que fica depois do mundial. O presidente Lula vê a Copa como uma chance de adotar medidas anticíclicas complementares para atravessar a crise. Por isso, projetos novos serão incorporados ao PAC, garantindo verbas orçamentárias.

Existe uma estimativa de quanto será preciso investir de recursos públicos?

Somente após conhecermos as cidades-sede. As demandas variam muito de uma capital para outra. Algumas apresentaram como solução nos transportes a construção de linhas de veículos leves (VLTs), mas tem gente no governo que prefere corredores de ônibus, mais barato e simples. Na hora certa, a solução técnica será tomada e as verbas estarão nos orçamentos públicos. O mapeamento da Abdib traz uma visão localizada das deficiências e vantagens das cidades e estados, mas quando fizermos o encontro de tudo, teremos uma visão de conjunto e, portanto, qual a melhor solução para cada problema, com o respectivo financiamento.

Já existem investidores privados interessados nos estádios?

Tem muito diálogo. Vários governadores estão conversando com empresas brasileiras, algumas delas associadas a fundos de investimentos estrangeiros. O fato de o Brasil ser um porto-seguro para capitais estrangeiros facilitará o aporte desses recursos. Projetos imobiliários factíveis de financiamento, não só para a construção de arenas multiuso, mas de prédios comerciais no entorno dos estádios, estão sendo estruturados. O Rio Grande do Sul prevê para locais próximos ao Beira Rio, que deverá ser reformado, várias torres de escritórios e um complexo comercial.

O que tornaria as arenas atraentes para o setor privado?

A utilização para além do futebol, ser um espaço multiuso. Estive no estádio de Wimbledon, onde a seleção inglesa joga e acontecem as finais de vários torneios. Há shows, eventos políticos e religiosos. Isso viabiliza o uso mais intenso desses espaços, dentro de um conceito mais amplo. As instalações têm de ser diferentes. Alguns estádios aqui começam a ter áreas vips direcionadas a empresas ou convidados, ajudando a aumentar a renda. Portanto, é preciso mudar a mentalidade sobre a gestão desses espaços.

Fala-se que atualmente nenhum estádio teria condições de sediar um jogo da Copa.

Nenhum atende os critérios rígidos da Fifa: capacidade de público, espaço para imprensa, acessibilidade, estacionamento. Essas exigências são uma oportunidade para que qualificar esses espaços no Brasil.

Tem algum mais próximo desses critérios?

Essas coisas são complicadas de dizer (risos). Tem estádios interessantes. A arena da Baixada, do Atlético Paranaense, de Curitiba, talvez seja um dos estádios mais modernos do Brasil em conforto e segurança dos torcedores.

De Brasília com informações do JB

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